sexta-feira, fevereiro 13, 2004

O preço da perfeição
No ano passado, a Olá surgiu com sete novas versões de um conhecido gelado. A campanha publicitária aproveitou a coincidência do número e associou, a cada um dos novos sabores, um dos denominados “pecados mortais”. A mensagem implícita era evidente. O gelado, tal como o pecado, constitui um caminho eficaz, e legítimo, para o prazer.
Através da publicidade, da música, da televisão, apelos como este, ou parecidos, como o “não resista à tentação”, invadiram o nosso quotidiano, desvalorizando, primeiro, e ridicularizando, depois, o conceito de pecado.
Acontece, no entanto, que este conceito se situa no coração do Evangelho. Jesus Cristo veio, precisamente, salvar-nos do pecado. Se menosprezamos este, se lhe retiramos importância, estamos, de forma objectiva, a fazer o mesmo com a obra e a pessoa do Filho de Deus.
Quando Jesus nos ordena “sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48) Ele está claramente a falar da nossa relação com o pecado. E o modelo apresentado, o mais alto e definitivo, é o próprio Deus.
Deus repudia liminarmente toda e qualquer forma de pecado. Devido à Sua natureza santa, não só não o conhece, não está contaminado por ele, como se insurge, intransigente, contra todas as manifestações do Mal nas Suas criaturas.
Por vezes, os cristãos parecem encarar o pecado como uma questão limitada à esfera pessoal, circunscrito apenas aos próprios actos e pensamentos. Contudo, e acatando o exemplo divino, percebemos que a responsabilidade do crente vai muito mais além.
Quando à nossa volta se banaliza, quando, pela repetição continuada, nos querem fazer crer que é “normal”, a mentira, a blasfémia, o adultério, a homossexualidade, o excesso, os cristãos são chamados, por Cristo, a agir. Em primeiro lugar, não participando nas ofensas ao Criador. Depois, denunciando-as, de forma inflexível e sistemática, quando elas acontecem.
O caminho da perfeição, apontado pelo Senhor Jesus, é, pois, o do não-conformismo. “Remar contra a maré”, não tolerando, nem condescendendo com o pecado. Uma voz profética, que sabe distinguir, com amor, o pecado do pecador, mas que não cala a justa indignação.
Pedro Leal