[Sem título]
O espanto do meu colega Luís ao descobrir que o Novo Testamento é implacável com os preguiçosos. Revelo-lhe que “quem não trabalha não come”, e encaminho-o para II Tessalonicenses 3:10.
O Luís nunca ouvira falar da passagem, nem imaginava que o livro dos cristãos pudesse ter palavras tão inflexíveis. Frias. Ele conhece melhor a versão fixe do Cristianismo. Repleta de intenções de solidariedade e acolhimento. Pouco pecado, pouca Lei, pouca justiça divina. Porque os púlpitos mediáticos vivem de share. E um discurso exigente e pouco amigável torna-se, nessa altura, contraproducente. A "paz no mundo", o grande desígnio, precisa sobretudo de consensos. Rupturas são atitudes prejudiciais. Perigosas. Coisas de fundamentalistas.
Um dia ainda hei-de explicar ao meu colega Luís a dimensão e as implicações da santidade de Deus. E de como o Criador realizou o milagre de conciliar essa justiça com o amor, através de Jesus Cristo. Por agora, limito-me a denunciar o Pai Natal que lhe venderam como realidade divina. Essa caricatura bonacheirona que ele não respeita nem teme.
Para a próxima oportunidade já tenho reservado as palavras de Jesus em Lucas 12:51: “Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas, antes dissensão”.
Pedro Leal