É o Aborto ... Estúpido!
“Por que não me matou Deus no ventre materno? Por que minha mãe não foi minha sepultura? Ou não permaneceu grávida perpetuamente?” (Jeremias 20:17)
Este desabafo de Jeremias revela das ligações mais profundas entre Deus e o Homem: A Criação personalizada. Jeremias, não podendo, pela Lei Judaica amaldiçoar os seus pais ou a Deus, pelas suas dores, lança um grito de revolta contra o seu nascimento. É um grito de extrema violência que fere o coração sensível de Deus, pois Deus tinha afirmado categoricamente: “Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci” (Jeremias 1:5). Com este desabafo Jeremias está a por em causa a utilidade da criatividade de Deus. “Olha só, aquilo em que desperdiçaste o teu génio criador!” “Formaste-me para isto!?” E aqui uma verdade absoluta (sim, elas existem!), atinge-nos como um soco no estômago: No ventre materno Deus já comunica com o ser humano! Só podemos conceber um Deus criador que seja também comunicador. Criação envolve comunicação. E quando Ele comunica fá-lo a nível pessoal e de forma personalizada. Passemos às conclusões práticas:
1 – O feto é um ser de natureza humana.
O bebé no ventre materno é um ser de natureza humana porque é produto de pais humanos, e tem um código genético humano peculiar. A Dr. Micheline Matthew Roth afirma: “uma vida humana distinta começa na concepção quando um óvulo e esperma se juntam para formarem o zigoto e este ser humano em desenvolvimento será sempre um membro da nossa espécie em todas as fases da sua vida”. O físico Dr. Hymie Gordon, da Clínica Mayo, diz claramente: “A questão do começo da vida não é mais uma questão filosófica ou teológica. É um facto científico experimentalmente verificado que toda a forma de vida, incluindo a vida humana, começa no momento da concepção”. Por isso, podemos afirmar sem medos que o nosso desenvolvimento como seres humanos começa na concepção, não viemos do zigoto, houve um tempo em que éramos zigotos; não viemos do embrião, fomos embriões; não viemos da adolescência, fomos adolescentes. Os defensores do aborto defendem o aborto por escolha da mulher até às 10 semanas. Ora, com 5 semanas já há uma batida de coração perfeitamente distinta do ritmo cardíaco da mãe (qualquer ecografia o comprova). O que bate ali é um coração humano, não é um relógio Swatch. Ah, mas dirá alguém, não está ainda completamente desenvolvido. Não tem todas as capacidades dos seres humanos! Claro que não! Mas um tetraplégico, também não, e ninguém afirma que por não usar todas as suas potencialidades, o deficiente não é humano. O carácter humano dos seres vivos, é inato. Não são as descrições físicas e as funções que distinguem o ser humano. É a sua essência! O cerne! E esse atributo é transmitido no encontro imediato dos cromossomas. A Bíblia chama-lhe “rhuah”, o espírito vivificante de Deus. Aquilo que nos torna “outra coisa” que não coisas.
2 – O direito da mulher controlar o seu corpo é absurdo.
Este é um argumento favorito das eco feministas e das feministas pacifistas: “Aqui mando eu!” Todavia, não se dão conta do absurdo da sua posição. Por que qual é o tipo de controlo de que estamos a falar? Um controlo que permite uma acção violenta contra outro ser humano? Isso é machismo! – gritam as feministas. E têm razão. É dum machismo abjecto a atitude dos homens que dominam a mulher pela força, e os movimentos dos direitos das mulheres estão correctos em denunciar essas situações. Mas, o aborto envolve uma violência contra um ser indefeso e dependente. É controlo machista! Atitude que as feministas são as primeiras a combater. Argumentarão: Não é violência maior ter uma criança não desejada? Respondo que não. Mil vezes NÃO! É o modelo masculino (contestado pelas feministas, não esqueçamos) que se guia por acções naturalmente hierárquicas e orientadas para o poder e para o controlo, que é estabelecido no aborto. Porque os interesses do feto (que é impotente) são suprimidos, em favor dos interesses da mãe. Mas, na suposição de que o pensamento feminista será igualitário na sua visão social, teremos de levantar uma questão incómoda: Por que prevalecem os interesses da mãe sobre o feto? É absurdo.
3 – O aborto é a morte brutal dum ser humano inocente.
É uma morte. O zigoto cumpre todos os critérios necessários para que se estabeleça a existência duma vida humana. O seu metabolismo tem vida própria, há potencial para o desenvolvimento, a capacidade de reagir a estímulos está lá e a reprodução celular é um facto. Terminar este processo é obliterar uma vida. Fico admirado com o entusiasmo de certas pessoas à volta duma poça de água, como um possível indício de vida na Lua. No entanto, essas mesmas pessoas ficam indiferentes às capacidades metabólicas e reprodutivas que um feto apresenta.
E é brutal, porque o feto para ser desalojado, tem de se partir aos pedacinhos, ou por sucção ou com tesouras minúsculas. Outros métodos incluem soluções salinas que são injectadas no líquido amniótico, queimando a pele do feto até ele encolher no útero ao fim de algumas horas, reduzindo-se a um cadáver.
E é o exterminar brutal duma vida inocente. Os fetos no ventre nada fizeram de errado. Porque é que são castigados? Merecem protecção pré-natal, não a pena capital. Mais uma vez, regista-se uma dualidade de critérios. Para muitos a pena capital não é aceitável, mas são os primeiros a defenderem o aborto. Fica o alerta: É o aborto ... estúpido! (Sem dúvida que é! O quê? Estúpido!)
Samuel Nunes