sexta-feira, junho 11, 2004

Votar
Sem qualquer pretensão a Presidente da República, não quero deixar passar esta data pré-eleitoral sem uma reflexão acerca da importância do voto. Escrevo, obviamente, como cristão. Interessam-me, por isso, mais do que conceitos algo vagos, como cidadania ou participação cívica, os argumentos fundamentados na expressão bíblica. Sendo assim, e numa análise não exaustiva, encontro no Novo Testamento pelo menos duas boas razões para ir colocar o meu voto na urna no próximo Domingo.
Desde logo, a possibilidade de contribuir para uma sociedade melhor. Mesmo parecendo uma voz ínfima no meio da multidão, o voto constitui sempre uma forma de influência. Às vezes dilui-se entre milhões, outras vezes quase que o conseguimos ver na diferença decisiva (o referendo sobre o aborto é, neste caso, um bom exemplo). Mas, quaisquer que sejam as circunstâncias, permanece a responsabilidade de participar. Um dos privilégios de viver em democracia é, precisamente, a possibilidade de cada cidadão dar o seu contributo para decisões que dizem respeito ao colectivo. Não me parece que o cristão, no seu papel de "sal e luz", esteja em condições de abdicar de tal oportunidade. Mesmo que a desilusão com os políticos seja grande, há sempre uma escolha a fazer. Qual a proposta que chega mais perto de uma sociedade mais justa e fraterna?
Outra razão para votar no próximo Domingo é o princípio da obediência às autoridades. Pode até parecer estranho e impopular invocar tal pretexto quando a reputação dos que nos governam, independentemente da "cor" partidária, anda pelas "ruas da amargura". Mas, de facto, esta é uma doutrina bem clara na Bíblia (Tito 3:1; I Timóteo 2:2; Romanos 13:1). Note-se que não se descrimina aí o tipo de regime político ou a qualidade dos governantes. Não há uma lista de "ses". Declara-se apenas a submissão ao poder instituído, como forma de cooperação para a paz e boa ordem social. Por isso, devem merecer toda a consideração o apelo à participação eleitoral feito pelo mais alto magistrado da nação, e a Lei máxima do país, que define o voto como um dever.
Pedro Leal