sexta-feira, junho 11, 2004

O sermão do Tio Teo
Foi o meu tio Teo, e também meu actual pastor, que me ensinou que Pedro foi um mau exemplo em muitos gestos precipitados mas o melhor a perceber quem Jesus era. Não esqueço esse sermão em que o entendi. Estava sentado no topo das minhas ultra-convicções absolutas de adolescente evangélico quando a passagem bíblica me recordou do encontro entre Jesus e o discípulo na praia, após a ressurreição.
O amor-próprio de Pedro estaria ao nível da alcatifa. Ser precipitado é uma coisa, ser traidor é outra. E é precisamente a este pobre diabo que o Mestre coloca a pergunta teimosa: "amas-me?".
Foi um pouco da minha estrada para Emaús. Ao ouvir aquela palavra abriram-se-me os olhos para algo mais do que uma crença sólida, orgulho de doutrinadores. Arrisco. Talvez na baixeza de negar o Salvador por três vezes tenha sido Pedro o que dele mais se aproximou. "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja".
Por personalidade e educação sou levado a nutrir pouca reverência por gente como Pedro. Aflige-me a intempestividade, a falta de recato e ausência de bom-senso. Mas as Escrituras permanecem. O senhor dos dedos rápidos para pegar na espada foi quem disse: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".
Tiago de Oliveira Cavaco