segunda-feira, maio 10, 2004

3 personagens
Por esta altura no calendário litúrgico da maior parte das Igrejas Evangélicas (sim há Igrejas Evangélicas com uma liturgia ancestral), saltam à retina três nomes que povoam os Evangelhos. Maria Madalena no sepulcro, a chorar; Tomé no quarto a duvidar e Pedro na praia a cear.
Maria Madalena traz-nos toda a dimensão da perda, mas também da mudança emocional radical que se operou nela - "Rabbonni". Tomé ensina-nos que a dúvida pode levar-nos a uma fé mais convicta - "Senhor meu e Deus meu". E Pedro ensina-nos que a restauração para o Serviço do Mestre é possível - "tu sabes que eu te amo!"
A ninguém Cristo trata com rispidez: à mulher chorosa chama pelo nome (carregado da pronúncia Aramaica) - "Maria"; ao incrédulo céptico-urbano desafia calmamente - "põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos"; e ao instável-depressivo recomenda - "apascenta as minhas ovelhas". Cristo a todos restaura. Cristo a todos encoraja.
E, como é urgente termos encorajadores. O verdadeiro encorajador é aquele que trata das pessoas primeiro, e só depois das circunstâncias. É aquele que alerta: "mão no arado, e nada de olhar para trás". É aquele que exclama: "olhos em Cristo, autor e consumador da nossa fé". Por causa da trilogia maldita é difícil ser discípulo de Cristo. (mente quem diz o contrário!) Há o pecado dentro de nós (natureza falida); há a pressão à nossa volta (cultura corrupta); e há o inimigo-luz (o pequeno deus-sombra). Ser seguidor de Cristo é nadar contra a maré e ser resgatador da sociedade. Por isso é necessário alguém exercer o ministério do encorajamento. Os Barnabés (Actos 4:36)! Sem as fraquezas de Maria, as ambiguidades de Tomé e os defeitos de carácter de Pedro, os Evangelhos seriam menos genuínos e a nossa experiência Cristã ficaria mais pobre. Eles encorajam-me...
Samuel Nunes